Contientale(Continental)
Continentale
Une chambre à soi
Un cœur qui frappe au plus profond de la terre
La langue qui prend d'incertains chemins
Un trébuchement et un long sentier enfoui
La bouche et une robe écarlate
Chevelure se dénouant
En un sombre nénuphar noir
Affleurant à la surface de l'eau
Fière et nue
Grelottant à peine
Grâce d'une pose
Un grand vent tiède qui balaie
Les nuages mauvais
Beauté brute des paysages
Des objets hybrides
Une torche lancée dans le vide
La voix compagnonne
Nourrie des espoirs fous
Brûle tous les reliefs
Emprunte et incarne la parole
De femmes et d'enfants
Sonorités des mots en épousant le sens
Renfermant des bruits
grincement d'une corde étouffe
Des sifflements et des mélodies
Un peu bancales
Se confondant en un tout
Impossible à distinguer
Le ciel laisse parfois
Filtrer une lumière blanche
Moment d'indescriptible douceur
Au milieu de la saturation
Des bruissements du monde
Elle cherche encore
Ce refuge indocile et fébrile
qui éclot en foret
Constamment inspiré
Et qui s'ouvre aux troubles de nouveaux horizons
Le soleil malade d'un flamenco
Prestance des sommets
Le fado et sa pudeur
Textes acrimonieux
Mythologie d'une culture populaire
Sources vives et chaudes
Dans le grand froid des continents
Accueillant des lambeaux de fantômes
Les guerres d’hier
Et les guerres sociales d'aujourd'hui
Craie volatile
Ciseau dans le marbre
Le danger est plus ou moins diffus
Ce vagabondage va te ramener
Debarrassé de toute afféterie
Vers la lune rousse de l'enfance
Genoux abîmés
Des ombres sculptées
Les arbres aux rainures dansantes
La langue de la rivière
Des brèches de hasard
Des accidents chers
Délaisse ton errance
Tu peux rentrerchez toi mon ami
La mémoire est longue
L'imagination fertile
Continental
Um quarto só para ti
Um coração que bate fundo na terra
Uma linguagem que segue caminhos incertos
Um tropeço e um caminho há muito enterrado
A boca e um vestido escarlate
O cabelo a desfazer-se
Num nenúfar negro e escuro
Na superfície da água
Orgulhoso e nu
Mal tremendo
Graciosamente posado
Um grande vento quente que varre
As nuvens más
A beleza crua das paisagens
Objectos híbridos
Uma tocha lançada no vazio
A voz companheira
Alimentada por esperanças loucas
Queima todas as superfícies
Tomando emprestado e incorporando as palavras
De mulheres e crianças
Os sons das palavras abraçando o significado
Contendo ruídos
o ranger de uma corda abafa
Assobios e melodias
Um pouco trémulos
Misturando-se num todo
Impossível de distinguir
O céu por vezes deixa
Uma luz branca a filtrar-se
Um momento de suavidade indescritível
No meio da saturação
do barulho do mundo
Ela continua a procurar
Esse refúgio indócil e febril
que floresce na floresta
Sempre inspirado
E se abre para as inquietações de novos horizontes
O sol doentio de um flamenco
O prestígio dos cumes
O fado e a sua modéstia
Textos acrimoniosos
Mitologia de uma cultura popular
Fontes quentes de vida
No grande frio dos continentes
Acolhendo retalhos de fantasmas
As guerras de ontem
E as guerras sociais de hoje
Giz volátil
Cinzel no mármore
O perigo é mais ou menos difuso
Este vaguear vai trazer-te de volta
Livre de toda a pretensão
Ao rosto ruivo da infância
Joelhos danificados
Sombras esculpidas
Árvores com ranhuras dançantes
A língua do rio
Quebras do acaso
queridos acidentes
Deixem o vosso vaguear
Podes ir para casa, meu amigo
A memória é longa
A imaginação é fértil
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